Nos próximos três anos, a ABCCMM, Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador, vai estar novamente sob o comando de Daniel Figueiredo Borja. Aos, 46 anos, o empresário e criador foi reeleito para dar continuidade à gestão que começou em 2016, na primeira eleição para a presidência da ABCCMM. O grande desafio, segundo ele, é fazer a raça continuar crescendo e, para isso, é fundamental fortalecer os núcleos pelo país. O presidente da ABCCMM falou com exclusividade para a Raça Marchador, durante a 30 Edição da Herdeiros da Raça, realizada no Parque de Exposições da Gameleira. Daniel detalhou os projetos dessa nova gestão e comentou as mudanças na diretoria para o triênio 2019/2021. Apaixonado por futebol, o presidente da ABCCMM se comparou a um jogador de meio de campo “o gestor tem que saber bater, correr, cabecear, estar na defesa e dar passes.”
Raça Marchador: Presidente, quais as perspectivas para os próximos três anos dessa gestão à frente da ABCCMM?
Daniel Borja: Olha, os três anos pra frente nós já estamos colhendo alguns frutos que plantamos nos últimos três anos. Na realidade, o que a gente fez e faz, com muito carinho e muita dedicação, é trabalhar sempre pensando no crescimento dos núcleos Brasil afora e os núcleos crescendo junto a raça, automaticamente, cresceu também e isso se comprova em número de novos associados. Para vocês terem uma ideia, só neste ano de 2019, em janeiro, entraram mais de 200 novos sócios o que mostra a grande potência da raça hoje. São inúmeros leilões Brasil afora e o que a gente quer, na realidade, nesta próxima gestão, é fazer um foco muito grande nessa parte de cursos de mão-de-obra, cursos para criadores e profissionalizar. Porque, como cresce muito o número de criadores e de associados, precisa crescer também a mão-de-obra disponível. Uma das coisas que nós vamos trabalhar de forma muito incisiva, é nessa parte de cursos. Estamos completando, em 2019, 70 anos de Associação e vamos fazer uma grande festa da Nacional, já estamos produzindo essa festa com muita alegria, estamos assim, esperançosos de que vamos fazer um evento melhor ainda que no ano passado, sempre pensando no associado, sempre pensando na família que vem de todo o Brasil. O intuito é continuar crescendo e continuar sempre fazendo o bem para o nosso Mangalarga Marchador.
Raça Marchador: Foram feitas algumas alterações em membros da diretoria, nessa nova gestão. Essas mudanças foram para proporcionar, justamente, esse crescimento que o senhor citou?
Daniel Borja: Nós tivemos a primeira gestão com os diretores bem estruturados e bem relacionados. Agora, nessa próxima gestão, nós vamos ter a oportunidade de ter um novo diretor de esportes, que é o Marcelo Batista, da Agro Maripá, que entra somando com novas ideias e novos projetos. É uma pessoa que vive o esporte pelo mundo afora e, como dizem, cada macaco no seu galho. Nós estamos muito, mas muito animados porque ele vai fazer uma renovação, uma grande reestruturação no esporte. Tivemos uma reunião, durante a 30ª Herdeiros da Raça e ele com excepcionais ideias para o esporte. Vai se reunir com os líderes de estados para poder afinar as ideias e o esporte vai ser outro projeto da Associação que, com a entrada dessa diretoria, vai crescer muito. E a gente sabe que o esporte crescendo, crescem as cavalgadas, crescem as trilhas, cresce a oportunidade do criador pequeno, médio e grande ter um outro centro comercial do seu cavalo voltado para o esporte também.
Raça Marchador: Fale um pouco sobre essa novidade que é a equitação de trabalho dentro dessa gestão do Marcelo.
Daniel Borja: É uma novidade onde está o foco total. Equitação de trabalho hoje é um projeto mundial, já é estruturado pelo mundo e agora o Marcelo fez uma parceria com a Associação de equitação de trabalho para trazer esse pessoal para o Mangalarga Marchador. Nós vamos formar novos árbitros, novos técnicos e nós vamos fazer com que o Mangalarga Marchador, e nossa raça tem potencial pra isso, possa disputar em nível mundial na equitação de trabalho. Então, com certeza, o nosso foco maior no esporte esse ano vai ser equitação de trabalho. A gente quer crescer, quer trazer para as exposições e isso vai ser um grande sucesso.
Raça Marchador: O senhor acredita que isso vai atrair os mais jovens que gostam de adrenalina e querem fazer outro tipo de modalidade dentro da raça sem ser o conjunto de marcha?
Daniel Borja: O Mangalarga Marchador tem a vocação da cavalgada, mas queremos trazer também esse criador que gosta de adrenalina, que gosta de esporte e o Mangalarga Marchador, com essas provas novas que nós estamos fazendo, vai somar muito também na vocação para o esporte. Eu tenho certeza que, daqui a pouquíssimo tempo, nós vamos brigar em pé de igualdade com outras raças nas equitações de trabalho pelo mundo afora.
Raça Marchador: Uma coisa que tem impressionado no crescimento da raça é a presença, cada vez maior, do pequeno criador, aquele que, muitas vezes não está nas grandes exposições e nos grandes eventos da raça, mas está nas poeiras, nas cavalgadas e copas de marcha. Isso é um objetivo também, continuar atraindo esse público?
Daniel Borja: Sem dúvida. A gente entende bem que o mercado do Mangalarga Marchador é essa potência por causa desse pequeno, desse médio criador que é o criador da cavalgada, de poucos animais, mas que são extremante apaixonados e estão em todos os eventos. Nós tivemos um grande público na Herdeiros e um público de pequeno, de médio e que gosta, é apaixonado. Para esse apaixonado nós vamos fazer essa estrutura de esporte, de copas de marcha, de cavalgadas. Vou falar para vocês da Raça Marchador, em primeira mão, que ano que vem vamos fazer a tentativa da quebra do recorde mundial da cavalgada, então vamos fazer uma nova cavalgada o ano que vem, então, já é um fato confirmado pela diretoria, fechamos com o Marcelo Batista que é o grande apoiador e idealizador desse projeto.
Raça Marchador: Novamente em Caxambu?
Daniel Borja: A cidade a gente ainda não sabe. Nós estamos fazendo uma logística, principalmente, pensando nos que foram em 2018. Nós temos todas as inscrições, então, nós queremos ver de onde foi mais gente para poder fazer naquele local ali. A cavalgada foi um grande sucesso, nós não conseguimos quebrar o recorde mundial, mas em compensação nós conseguimos, com muita maestria, despertar no associado de todo o Brasil, a vontade de estar na cavalgada. Por onde eu ando no Brasil as pessoas falam, ‘Daniel se tiver outra cavalgada daquela, eu vou de qualquer jeito.’ Diante disso, o nosso intuito é fazer um lançamento dessa cavalgada, o local é o que menos importa, o que importa é a Associação estar junto, é a logística, é a organização nossa que foi muito bem feita e a gente quer fazer melhor ainda. O objetivo é crescer, somar, fazer da raça Mangalarga Marchador essa grande potência. Outra coisa que é importante é que o Mangalarga Marchador é uma paixão e essa paixão é movida por sonhos. Quando me perguntam por que o Mangalarga Marchador é essa potencia? Eu respondo porque ele é uma paixão, é um sonho e um cavalo de sela que todo mundo gosta de montar de manhã, de tarde, de noite, para fazer uma cavalgada diferente das outras raças, não que as outras raças sejam piores, mas essa parte da sela, da docilidade e maciez é isso que faz do nosso cavalo uma grande potência.
Raça Marchador: Por falar nessa paixão, uma coisa que movimenta de forma muito expressiva a raça são os eventos. Qual vai ser o papel da nova diretoria de eventos para fomentar ainda mais a raça?
Daniel Borja: O Júnior, do Haras PBR, nosso novo diretor de eventos é uma pessoa extraordinária, querida Brasil afora e vai fazer também um trabalho excepcional. Já tem feito e implantado algumas modificações na raça, em termos de questionários, juízes, locais e o que ele quer é crescer ainda mais a raça. Para se ter uma ideia, nos meses de abril, maio e junho nós vamos bater os nossos recordes de eventos pelo país pelo Brasil. Vai ter fim de semana que não vai ter árbitro para poder julgar, então vejam que potência que a raça virou. Nós temos 20 árbitros e vai ter fim de semana que vão ter mais de 12 eventos pelo Brasil, então, vejam a que ponto o Mangalarga Marchador chegou e isso, eu não tenho nenhuma dúvida que é devido ao apoio da Associação a todos os núcleos do país. Quando você apoia o núcleo, o presidente e a diretoria têm vontade, disposição e o apoio financeiro da Associação para poder trabalhar e fazer um grande evento.
Raça Marchador: E com esse crescimento vem também a necessidade de formação e qualificação da mão-de-obra dentro da raça.
Daniel Borja: É isso que a gente quer. Essa parte nós vamos trabalhar com muita força de vontade. Nós já estamos produzindo aqui com o Sacchi (Carlos Augusto Sacchi, presidente do CDT) e com o Rafael (Rafael Moreira, Gerente de Relacionamento da ABCCMM), alguns novos cursos para mão-de-obra, exatamente para isso, para fomentar, treinar e profissionalizar uma nova mão-de-obra. E a gente não pode deixar de falar que a mão-de-obra no Mangalarga Marchador é extremamente bem remunerada. Temos apresentadores hoje que ganham de 2 mil até 10, 12 mil reais. A nossa raça agregou valor e assim é necessária uma mão-de-obra mais especializada e, sem dúvida, mais bem remunerada.
Raça Marchador: Qual a importância do Saulo Faria, da Bahia, no comando do Marketing da ABCCMM para este próximo triênio?
Daniel Borja: O Saulo é uma pessoa extraordinária, presidente do Núcleo de Salvador e um apaixonado pela raça. A Bahia é um estado representativo hoje na nossa raça com um crescimento expressivo. A gente brinca que a Bahia vive por si porque é um estado tão estruturado e com um número tão grande de animais que ela tem essa oportunidade de ter inúmeros associados. A gente sempre tem um diretor da Bahia e esse diretor é sempre indicado pela Bahia e o Saulo vem para agregar. Eu tive o prazer de conhecê-lo na minha primeira gestão. É um cara extraordinário, um amigo que eu tenho o maior prazer em estar do lado dele e vem somando com ideias e ações para que a gente possa crescer junto na raça.
Raça Marchador: E fazer essa junção com o Nordeste que é muito forte dentro da raça, não é isso?
Daniel Borja: Exatamente. O Nordeste é uma potência na marcha picada, na marcha batida e a gente tem que ter os diretores pelo Brasil todo para também ouvir os criadores. E o Saulo sempre com as reivindicações, com as ideias, com as novidades da Bahia, de todo o Nordeste e esse ano a gente vai fazer o CBM de Marcha Picada lá em Salvador num grande evento também, se Deus quiser.
Raça Marchador: O senhor deu uma declaração no Programa no Trilho da Marcha, do canal Net Marchador, que o técnico vai poder dar assessorias para os Haras e o árbitros também. Isso já está afinado?
Daniel Borja: Os técnicos já, antes da minha entrada, eles podem, mediante o pagamento de uma diária por parte do criador, dar o Dia de Campo no Haras. Isso hoje pouco usado, confesso que os árbitros e técnicos estão mais focados em fazer, às vezes, um, dois até três locais e não estão muito focados nisso, às vezes até porque o criador também não sabe. Agora, essa parte do árbitro é uma novidade que nós estamos acabando de implantar e a ideia é que o árbitro dê também uma consultoria que vai se chamar ‘Consultoria de Plantel’. Ele vai ter a oportunidade de fazer uma consultoria, de ir ao Haras do Criador, ver a tropa, em conjunto. Com isso o criador não vai poder levar o animal, durante um período, para que esse próprio árbitro julgue, mas vai ter a oportunidade de conhecer a tropa e criar, cada vez melhor, os animais dentro de casa.
Raça Marchador: O senhor gosta de futebol?
Daniel Borja: Demais (risos)
Raça Marchador: Dentro da sua diretoria, que pode ser considerada uma seleção, o senhor é o treinador ou é aquele jogador mais cobrado pela torcida que a hora que a coisa aperta tem que fazer o gol?
Daniel Borja: Olha, eu sou do Cruzeirão, né? E eu acho que eu sou o meio de campo. Porque o gestor tem que saber bater corner, cabecear, defender, estar no meio de campo dando os passes...mas a gente tem uma diretoria muito agradável, amiga e fez, desde o começo da nossa gestão, uma diretoria extremamente democrática. A gente tem a oportunidade de sempre estar discutindo, batendo papo e os assuntos mais relevantes são sempre levados para a diretoria e decidido em comum acordo. Às vezes, eu, como presidente, tenho uma opinião e, às vezes, toda a diretoria tem outra. E nesse dia-a-dia da Associação a gente vai tocando com muita tranquilidade e a raça tem crescido. Quando você vê que a raça está crescendo é porque o time está jogando bem.