COMO MONTAR UM HARAS/REVISTA RAÇA MARCHADOR

A equideocultura é uma das atividades de maior giro financeiro e empregatício do agronegócio e vem crescendo a cada ano. Segundo dados do Estudo do complexo do agronegócio do cavalo, gerou mais de 20 bilhões de reais em receitas no segmento em 2016. Só para se ter uma ideia de grandeza a indústria do cavalo emprega mais do que a indústria automobilística no Brasil.

A raça Mangalarga Marchador é maior raça criada no Brasil, responsável por 32,4% do rebanho nacional de equinos registrados, seguida pelo cavalo Quarto de Milha com 27%.

Vários fatores devem ser levados em consideração na construção de um haras, mas antes disso, devemos nos atentar para a escolha do local e da propriedade, pontos chave para o início do empreendimento.

Com o local e a propriedade já definidos, partimos para a parte estrutural, na qual devemos montar o projeto, e nele destacarmos os respectivos sistemas’’

O projeto

O projeto deve ser baseado no tamanho da propriedade, na capacidade produtiva dessa propriedade, na disponibilidade financeira do proprietário e da evolução do rebanho ou da tropa.

Os sistemas

1. Planejamento alimentar:

A. área de volumoso
B. área de pastagem

2. Atividades e categorias:

A. área de reprodução
B. maternidade

Importância para o fornecimento da suplementação dos potros através do creep.

C. desmame
D. módulos de recria de machos e fêmeas

Pavilhão de baias:

E. baias para garanhões
F. baias para fêmeas
G. baias para potros e potras e éguas paridas (em caso de doença)

obs: atenção no tamanho dessas baias e na disposição e altura dos cochos. o tipo de piso e o seu escoamento de dejetos também é muito importante.

ÁREA DE MANEJO E TRABALHO

ANEXOS: CURRAL DE SANIDADE COMPLETO, REDONDEL, PISTA, NADADOR, PIQUETES DE SOLTURA.

A. CERCAS

- O tipo de cerca ideal é claro, seria a cerca de régua, porém o custo pode inviabilizar, já a cerca de arame do tipo farpado além de ser mais caro que o de arame liso danifica a pele, orelhas e principalmente a crina, o arame liso convencional também temos o risco de lesões graves. Estudos mostram que o melhor custo-benefício e segurança é a cerca de arame liso adaptado para equinos:

- Distância entre postes de 3m/3m com 3-4 fios

- Primeiro fio com 60cm do solo

- Um fio de choque por dentro da cerca com altura de 1 a 1,2m assegurando que o animal não chegue perto nem encoste nos fios. (vide foto):

Os custos variam entre:

- Réguas – de 20 a 30.000,00/km

- Arame farpado – de 8 a 10.000,00/km

- Arame liso – de 5 a 7.000,00/km

- Cerca ideal para Equinos – de 6 a 8.000,00/km

B. organograma de equipe:

- Proprietário

- Gerente geral ou gestor – (técnico da área) controle geral e responsável pelas informações administrativas e técnicas, pela ligação entre o escritório e a fazenda, por grande parte do network, visitas e na busca de oportunidades.

- Escritório – controles em geral e parte burocrática

- Encarregado da fazenda – (experiência e vivência em fazenda, cavalos e na área que compete as atividades do haras, responsável pelo dia a dia e pela parte operacional do haras.

- Peões e apresentadores – conforme demanda, responsáveis pela doma, adestramento e apresentação dos animais.

- Tratador – conforme demanda, responsável pelo trato dos animais.

- Coringa – ajuda no manejo, na doma e outras atividades como limpeza etc.

- Manutenção – responsável pela manutenção e limpeza do haras.

- Veterinário – responsável pela reprodução, sanidade e clínica dos animais (pode ser terceirizado).

- Estagiários – pode-se contratar estagiários para todas as áreas.

- Menor aprendiz – interessante o projeto menor aprendiz, cuja vem revelando grandes profissionais.

- Equipe de vendas – importante ter uma equipe de vendas terceirizado, pois ela além de fazer todo marketing, pode conseguir grandes resultados nas vendas dos produtos.

Conclusão

Criar cavalos está muito além do empreendedorismo, está muito além do empirismo, não existe receita de bolo, não existe gente milagrosa, os números contradizem a técnica e a técnica contradiz os números. ``onde a natureza dribla a técnica e a técnica tenta driblar a natureza’’

E o lucro? no cavalo podemos nomear várias formas de lucro, e elas podem estar no relacionamento, nos negócios gerados, nas vendas líquidas, mas o maior segredo não está em vender e sim em como fazer uma criação adequada, com o custo de produção equilibrado sem interferências da vaidade, será que é possível? não sei, mas até onde a vaidade pode atrapalhar um grande negócio? E o que seria a criação de cavalos sem a paixão e nossa vaidade? acredito muito no bom senso da criação e muito mais no equilíbrio entre a inovação e a tradição, forças mostradas com muito sucesso no êxito de vários campeões e haras de renome na última nacional do cavalo marchador.

Cláudio Augusto / GEAGRO 2021